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terça-feira, 29 de agosto de 2023

PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO - CCSA

 
CCSA - Congregação Cristã do Segundo Advento




PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO

Este artigo proporciona um maior entendimento sobre os últimos dias. O objetivo é analisar as evidências bíblicas, históricas e teológicas em favor do pré-milenismo histórico. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica com a finalidade de levantar informações para um melhor esclarecimento sobre o tema e o resultado foi satisfatório sobre a defesa da corrente escatológica pré-milenista histórica. No desenvolvimento do texto observamos que a corrente teológica do pré-milenismo histórico é tão antiga quanto ao cristianismo, e que há muitas evidências bíblicas, históricas e teológicas que a faz ser uma provável interpretação verídica a respeito do que em breve deve acontecer, em contraste com as outras correntes de interpretações escatológicas.

Palavras chave: Escatologia. Milênio. Pré-milenismo histórico.

Introdução

Estaremos fazendo uma análise das diversas linhas de interpretação de escatologia, apresentando as principais correntes escatológicas defendidas ao longo dos séculos e atualmente, que são elas: Pré-milenismo histórico, pré-milenismo dispensacionalista, amilenismo e pós-milenismo. Posteriormente estaremos apresentando evidências que mostram ser o pré-milenismo a corrente mais bíblica de escatologia.
Apresentando como objetivo específicos as evidências bíblicas, históricas e teológicas que favorecem ao pré-milenismo histórico. Escolhendo o tema devido ser um tema muito relevante para igreja cristã e que desperta muito interesse e curiosidade dos mesmos, que é o tema a respeito das últimas coisas que devem acontecer com o mundo e os seres humanos.

O tema a respeito das últimas coisas, é um tema muito polêmico dentro do cristianismo quando se trata a respeito do milênio, tanto é que o teólogo Americano Millard Erickson escreveu um livro com o seguinte título: “Escatologia a polêmica em torno do milênio”. 

É muito importante sabermos que quanto a verdade revelada nas escrituras que Jesus irá voltar, não existe discordância entre os teólogos dessas linhas escatológicas quanto a isso, uma vez que, as escrituras são bem enfáticas a respeito dessa verdade absoluta, e todos os teólogos por isso assim creem, entretanto, a discordância entre eles é se Jesus voltará antes ou depois do milênio descrito em Apocalipse 20 e se o cristão irá passar ou não pela grande tribulação que é relatado em Mt:24, Mc:13 e Lc:21.

A discordância entre os teólogos se dá devido as diferentes linhas hermenêuticas, ou seja, interpretativas que cada um deles seguem, existindo quatro linhas interpretativas usadas nos textos que se retratam do fim dos tempos, sendo elas: Preterista, histórica, idealista e futurista. O teólogo Americano Millard Erickson em seu livro: Escatologia a polêmica em torno do milênio. (2010, p.119) relata resumidamente explicando cada uma dessas linhas de interpretações apocalípticas:

A interpretação preterista, considera que os acontecimentos do livro tenham ocorrido quando o livro foi escrito. A interpretação histórica considera que esses acontecimentos eram futuros quando o livro foi escrito, mas que ocorriam no decurso da história da igreja. A interpretação idealista ou simbólica elimina a historicidade desses acontecimentos, tornando-os puramente simbólicos de verdades atemporais em seu caráter. A interpretação futurista considera que esses acontecimentos ocorrem sobretudo no tempo do fim.

Quando Erickson afirma “os acontecimentos do livro” o livro que está relatando é apocalipse, mas também se aplica a Mt:24, Lc:13 e Lc:21. Dessa maneira, compreendemos que essa diversidade de convicções a respeito das últimas coisas que existem entre o pré-milenismo, amilenismo e pós-milenismo, é devido essas linhas escatológicas seguirem determinada interpretação de um texto bíblico a interpretação idealista e em outro texto a futurista, um exemplo disso, é a respeito do amilenismo, que em Mt:24, interpretam essa passagem de forma futurista, já em apocalipse 20, interpretam essa passagem de maneira idealista ou simbólica, enquanto o pré-milenismo, interpreta as duas passagens como futurista e literal.

Sendo assim, compreendemos melhor que a discordância entre teólogos pré-milenistas, amilenistas e pós-milenistas, se dá porque em determinada passagem que trata do fim dos tempos, cada linha teológica irá interpretá-la usando um desses quatro métodos interpretativos citados acima.

É importantíssimo sabermos que cada uma dessas linhas escatológicas como o pré-milenismo, amilenismo e pós-milenismo, vieram se desenvolvendo através dos séculos na história do cristianismo, tendo surgido primeiramente nos primeiros três séculos da igreja cristã o que chamamos hoje de pré-milenismo histórico, defendido pelos Pais da Igreja que viveram entre os séculos II a IV d.C., já no século IV d.C., começou a se desenvolver com Agostinho de Hipona uma interpretação não literal do milênio, que seria o que chamamos hoje de amilenismo, dessa forma, o amilenismo foi forte até o período da reforma protestante no século XVI d.C. Logo após veio o pós-milenismo, no período de avivamento do século XVIII, posição essa defendida pelo avivalista Jonathan Edwards, surgindo então, no século XIX d.C.,  o pré-milenismo dispensacionalista com o pregador anglo-irlandês chamado John Nelson Darby, sendo propagado sua interpretação escatológica pela Bíblia de Estudos Scofield de Cyrus Ingerson Scofield.

Contudo, é preponderante notar que o pré-milenismo histórico, é a corrente escatológica mais antiga na história da igreja, por isso o nome “histórico”, ela é tão antiga quanto o cristianismo, no que concerne a esse fato o teólogo Franklin Ferreira em seu livro de teologia sistemática, escrito juntamente com o teólogo Alan Myatt. Ferreira (2007, p.1101) declara:
 
"O chamado pré-milenismo histórico foi a posição dominante dos pais da igreja na teologia, entre os séculos II e IV. Entre esses pais da igreja, podemos mencionar: Policarpo de Esmirna, Pápias, (ambos discípulos de João do Apocalipse), Justino de Roma, Irineu de Lion, Tertuliano e Cipriano".

É relevante sabermos que os pais da igreja que viveram entre os séculos II e V d.C., foram dizendo de uma forma anacrônica, os ensinos dos apóstolos e alguns deles, que chegaram a viver entre o século I e II d.C., tiveram contato com os discípulos de Jesus. Quanto a isso, Ferreira (2007, p.1101) diz:

"Pápias, que, segundo a tradição, foi discípulo do apóstolo João, cria na ideia de um reino literal de mil anos na Terra, depois da segunda vinda de Cristo. Essa é a noção que define o pré-milenismo".

Desse modo, compreendemos que o pré-milenismo histórico é a interpretação escatológica mais antiga, e que foi defendida no passado e ainda é defendida por grandes teólogos contemporâneos. Ainda em seu livro, o teólogo Frank Ferreira cita alguns deles, entre os muitos teólogos que defendem essa posição, Ferreira (2007, p.1101) sendo eles os teólogos mais famosos, são eles: “Oscar Cullmann, Russel Shedd, George Eldon Ladd, Wayne Grudem, R.K. McGregor Wright e Millard Erickson.”

Muitas são as evidências apresentadas pelos teólogos pré-milenistas históricos para justificarem sua interpretação mais bíblica e consequentemente a correta. O teólogo americano Normal Geisler em seu livro de teologia sistemática, relata de uma maneira resumida as diversas evidências do pré-milenismo. Geisler (2010, p. 940) afirma:

Os numerosos argumentos oferecidos para dar suporte ao pré-milenarismo incluem: (1) Explica melhor a promessa incondicional de terra feita a Abraão e seus descendentes (Gn. 12;14,15). (2) Permite um melhor entendimento da aliança incondicional davídica (de que seu descendente iria reinar para sempre – Samuel 7.12ss). (3) É necessário para o cumprimento de numerosas previsões do Antigo Testamento sobre uma era messiânica (Is. 9;60;65). (4) Explica a promessa de Jesus de que Ele e seus apóstolos reinarão sobre tronos em Jerusalém (Mt. 19:28). (5) Está baseado na resposta de Jesus à pergunta dos discípulos a respeito de restaurar o reino de Israel (At 1.5-7). (6) Confirma a declaração de Paulo, de que Cristo irá reinar até que a morte seja derrotada (1 Co. 15:20-28). (7) É consistente com a promessa de Romanos 11, de que Israel será restaurado (8) Estabelece a interpretação literal de que Cristo e os santos ressuscitados irão reinar durante “mil anos” (Ap. 20.1-6).

Tratemos agora, mas de uma maneira mais profunda, duas evidências principais do pré-milenismo histórico. A primeira evidência vem de apocalipse 20, que retrata explicitamente duas ressureições, assim podemos ver claramente conforme é citado no versículo: 4 e 5 deste capítulo, uma vez que, no versículo 6 diz: “Bem-aventurado os que tem parte na primeira ressurreição”, sendo essa a primeira ressureição, que é a ressurreição dos salvos, o versículo 5 retrata a segunda ressureição (Dn. 12), que é a ressureição dos ímpios, diz o texto: “Os restantes dos mortos não reviveram até se completarem mil anos” assim podemos ver claramente que o verbo: viveram, verbo grego: ζαω, implica claramente duas ressureições já que tudo o que está sendo retratado nesse capítulo é na terra, pois o versículo 1 nos diz: Vi descer do céu um anjo.

Quanto a isso, até alguns teólogos amilenistas afirmam que esse texto retrata duas ressureições, a diferença está que enquanto para os pré-milenistas são duas ressureições literais, para os amilenistas a primeira ressureição é espiritual e a segunda literal. A respeito disso o teólogo americano Miillard Erickson em seu livro introdução a teologia sistemática, Erickson (1997, p. 513) declara:

Os pré-milenistas, contudo, rejeitam essa interpretação, considerando-a insustentável. George Ladd diz que se ezesan significa ressureição corporal no versículo 5, deve significar ressureição corporal no versículo 4, se não, “perdemos o controle da exegese”. O contexto, é claro, pode alterar o significado das palavras. Entretanto, neste caso os dois usos de ezesan ocorrem juntos. Por conseguinte, o que temos aqui são duas ressureições do mesmo tipo que atingem dois grupos diferentes com um intervalo de mil anos. Também parece, pelo contexto, que os que participarem da primeira ressureição não passarão pela segunda. São os “restantes dos mortos” que só revivem no final dos mil anos.

A segunda evidência em favor do pré-milenismo, são as diversas profecias relatadas no antigo testamento que ainda não se cumpriram, sendo que terão que se cumprir, visto que, Jesus disse em Mateus: 5:18: “Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra.” E Pedro corroborou com Jesus, quando Pedro disse em Atos:3:21: “É necessário que ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio dos seus santos profetas.”

Muitos são as passagens bíblicas que relatam profecias que ainda não se cumpriram e que relatam a respeito de um reino de paz literal e terreno, sendo elas: Is: 65:20, Is:11:6-9, Is: 2:1-5, Sl:72:8-14, Zc:14:5-17, Dn:7:13-14. Quanto a esses textos o teólogo Americano Wayne Grudem em seu livro: Teologia Sistemática, Grudem (1999, p. 962) diz:

Algumas passagens no Antigo Testamento não parecem caber nem na presente era, nem no estado eterno. Essas passagens indicam algum estágio futuro na história da redenção, muito mais grandioso que a presente era da igreja, mas que ainda não parece remover de sobre a terra todo o pecado, rebelião e morte.

Dessa forma, conseguimos entender de uma maneira correta o que essas passagens do Antigo Testamento queriam dizer a respeito de Israel, sendo passagens que se unem com a descrita em Apocalipse 20, afirmando um reino terreno de paz na terra futuramente, e apocalipse 20 dando detalhes que esse reino seria com Cristo reinando sobre a terra. Pois, devemos interpretar as Sagradas Escrituras como um “todo”, interpretando o Antigo Testamento “a luz” do Novo Testamento, e o Novo Testamento “a luz” do Antigo Testamento, entendendo a revelação progressiva de Deus através da Bíblia.
 
Considerações finais:
 
Portanto, concluímos que conforme apresentado, temos um forte respaldo bíblico, histórico e teológico que apoiam a corrente escatológica do pré-milenismo histórico, que a faz ser uma provável interpretação correta das coisas que em breve devem acontecer no mundo. Contudo, mesmo que esse artigo faça uma defesa da linha escatológica pré-milenismo histórico, devemos ter a humildade de saber e entender que "o milênio" se trata de um tema, alvo de controvérsia teológica, existindo teólogos que contrariamente a linha escatológica que esse artigo defende, são pré-milenistas dispensacionalista, amilenistas ou pós-milenistas.
 
Andrei Medeiros Sartore
Graduando em Teologia-FTBB e
Ciências Biológicas-UNIP.
 
REFERÊNCIAS:
 
ERICKSON, Millard. Escatologia a polêmica em torno do milênio. São Paulo: Vida Nova, 2010.
ERICKSON, Millard. Introdução a Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.
FERREIRA, Franklin e Allan Myatt. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. R. J: Casa Publicadora das As. De Deus, 2010.


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